Microtia é uma condição congênita rara em que a orelha externa não se desenvolve completamente ou está ausente no nascimento. A palavra “microtia” deriva do grego “micro”, que significa pequeno, e “otia”, que se refere à orelha. A microtia pode variar em gravidade, desde uma malformação leve da orelha até a completa ausência da mesma.
A maioria dos pacientes com essa condição apresenta a microtia unilateral, ou seja, em apenas uma das orelhas, mas pode ocorrer em ambos os lados em cerca de 10% dos casos. A microtia é considerada uma malformação congênita, o que significa que ocorre durante o desenvolvimento do feto no útero, geralmente no primeiro trimestre da gravidez.
Quais as causas da microtia?
As causas específicas da microtia não são completamente compreendidas, mas acredita-se que essa condição seja o resultado de uma combinação de fatores genéticos e ambientais durante o desenvolvimento fetal. Algumas das possíveis causas incluem:
Fatores genéticos: Acredita-se que a microtia possa ter uma base genética em alguns casos, visto que a ocorrência pode ser maior em famílias com histórico dessa condição. No entanto, a genética não é a única causa, e muitos casos de microtia não têm uma ligação clara com fatores genéticos.
Fatores ambientais: Alguns pesquisadores acreditam que a exposição a certos fatores ambientais durante a gravidez pode aumentar o risco de desenvolvimento de microtia, como nfecções maternas, exposição a certos medicamentos ou toxinas e outras condições que possam afetar o desenvolvimento fetal.
Fatores multifatoriais: É provável que a microtia seja causada por uma combinação de fatores genéticos e ambientais. A interação entre esses fatores ainda não é totalmente compreendida, mas é possível que a presença de certos genes em combinação com determinados fatores ambientais aumente a suscetibilidade ao desenvolvimento da condição.
Embora as causas exatas da microtia ainda sejam objeto de pesquisa, é importante destacar que a maioria dos casos é esporádica, ou seja, não tem origem hereditária conhecida e ocorre de forma isolada em uma única família. A condição geralmente é diagnosticada durante o exame físico após o nascimento, e os pais devem procurar orientação médica especializada para determinar a gravidade da microtia e discutir as opções de tratamento, caso sejam necessárias.
Neste vídeo, você confere mais informações sobre a relação da microtia com fatores genéticos, bem como a possibilidade associação com outras síndromes:
Quem tem microtia pode ouvir?
A capacidade auditiva de uma pessoa com microtia pode variar dependendo do grau de gravidade da condição e de como ela afetou o desenvolvimento do canal auditivo e das estruturas auditivas internas. Em casos leves de microtia, onde a malformação é menos pronunciada, a audição pode ser normal ou apenas levemente afetada na orelha afetada.
No entanto, nos casos mais graves de microtia, como a anotia (ausência completa da orelha externa), a ausência ou subdesenvolvimento do canal auditivo e das estruturas internas da orelha podem levar a uma perda auditiva significativa na orelha afetada. A anotia é o grau mais severo de microtia e, nesses casos, a pessoa pode ter uma audição bastante comprometida na orelha afetada.
É importante destacar que, independentemente do grau de microtia, a outra orelha não afetada (se presente) geralmente tem audição normal, o que é conhecido como audição monaural. Isso significa que, mesmo que a audição seja afetada em uma orelha devido à microtia, a pessoa ainda pode ouvir normalmente usando a orelha não afetada.
Para pessoas com perda auditiva devido à microtia, o uso de próteses auditivas ou implantes cocleares pode ser recomendado como forma de melhorar a audição. Esses dispositivos eletrônicos ajudam a amplificar os sons e enviar estímulos sonoros diretamente ao nervo auditivo, permitindo que a pessoa com microtia tenha uma melhor percepção auditiva.
Se o seu filho tem o diagnóstico de microtia, confira neste artigo todos os passos do que deve ser feito a partir de agora: Microtia: por onde começar?
Quais são os tipos de microtia?
Os tipos de microtia são classificados com base na gravidade da malformação da orelha externa. Existem quatro principais classificações, conhecidas como graus de microtia, que podem variar desde uma malformação leve até a ausência completa da orelha. A seguir, estão os principais tipos de microtia:
Grau I – Microtia leve: Neste tipo de microtia, a orelha é menor do que o normal, mas ainda possui estruturas básicas relativamente bem formadas, como o lóbulo da orelha e a abertura do canal auditivo. A orelha pode parecer ligeiramente achatada, mas a audição geralmente não é afetada significativamente.
Grau II – Microtia moderada: A microtia de grau II é caracterizada por uma malformação mais pronunciada da orelha. A orelha é parcialmente formada, mas as estruturas são mais deficientes, com uma aparência mais achatada e subdesenvolvida. O canal auditivo também pode ser afetado, e a audição pode estar comprometida na orelha afetada.
Grau III – Microtia severa: Na microtia de grau III, a orelha é significativamente subdesenvolvida, com poucas estruturas presentes. O canal auditivo é ausente ou muito estreito, levando a uma perda auditiva mais acentuada na orelha afetada. A orelha pode se assemelhar a uma pequena protuberância ou remanescente de cartilagem.
Grau IV – Anotia: A anotia é o grau mais grave de microtia, caracterizado pela ausência completa da orelha externa. Nesses casos, apenas uma pequena protuberância ou resquício de tecido pode estar presente onde a orelha deveria estar. A ausência da orelha afeta significativamente a audição, e o paciente pode necessitar de próteses auditivas para melhorar a capacidade auditiva.
Qual o tratamento para a microtia?
O tratamento para a microtia depende da gravidade da condição e das necessidades individuais do paciente. Vale ressaltar que a microtia pode variar em intensidade, desde uma malformação leve da orelha até a completa ausência da mesma. As principais opções de tratamento incluem:
Cirurgia de reconstrução da orelha: Para casos mais graves de microtia, a cirurgia de reconstrução da orelha pode ser realizada para criar uma orelha mais funcional e esteticamente agradável. Esse procedimento é geralmente realizado quando a criança atinge uma idade mais adequada, geralmente entre 7 e 10 anos, quando a estrutura da orelha está mais desenvolvida. A cirurgia envolve a criação de uma orelha usando tecidos do próprio corpo do paciente, geralmente a cartilagem costal (da caixa torácica), que é moldada e posicionada para se assemelhar a uma orelha normal.
Prótese estética: Em casos em que a cirurgia de reconstrução não é indicada ou desejada, pode-se optar por próteses estéticas sob medida que se encaixam sobre a área afetada e se assemelham a uma orelha normal. Essas próteses são feitas de materiais seguros e não invasivos.
Prótese auditiva: Em alguns casos, a microtia pode afetar o canal auditivo e, consequentemente, a audição. Nesses casos, uma prótese auditiva pode ser recomendada para melhorar a audição na orelha afetada. As próteses auditivas são dispositivos que amplificam o som e são projetados para se ajustar confortavelmente ao ouvido do paciente.
Nos vídeos abaixo, você pode saber mais detalhes sobre a cirurgia de microtia e sua recuperação, se é possível realizar a reconstrução do canal auditivo quando ausente, se a mãe pode ser doadora da cartilagem a ser utilizada, entre muitas outras dúvidas frequentemente levantadas pelos pacientes:
Apesar de todos os tratamentos cabíveis em relação à maformação da orelha, deve-se considerar que um diagnóstico de microtia pode ter um impacto emocional significativo no paciente e em sua família. Para algumas crianças, a condição poderá ser encarada com bastante tranquilidade, enquanto, para outras, será importante fornecer suporte emocional para lidar com os desafios associados à condição.
A escolha do tratamento dependerá da avaliação do médico especialista em otorrinolaringologia ou cirurgia plástica, levando em consideração o grau de severidade da microtia, a idade da criança, as expectativas e a saúde geral do paciente. É fundamental discutir as opções de tratamento com o médico para determinar o plano mais adequado e seguro para cada caso individual.