A plagiocefalia é uma deformidade craniana caracterizada pelo achatamento assimétrico de uma parte da cabeça do bebê. Existem diferentes tipos de plagiocefalia, cada um com seu nível de complexidade e suas características específicas. Neste artigo, você conhecerá os tipos de plagiocefalia e entenderá como o grau dessas deformidades pode ser identificado, além das possíveis sequelas que podem se estabelecer caso não haja tratamento precoce.
Quantos tipos de plagiocefalia existem?
Existem dois tipos principais de plagiocefalia, as chamadas plagiocefalia verdadeira, que contém dois subtipos (plagiocefalia anterior e posterior), e a plagiocefalia falsa (plagiocefalia posicional), sendo esta muito mais recorrente do que as demais.
Plagiocefalia verdadeira (plagiocefalia anterior e posterior)
A plagiocefalia verdadeira é uma condição congênita e faz parte do grupo das cranioestenoses. Refere-se a casos em que o achatamento craniano é causado pela fusão prematura de uma ou mais suturas cranianas, que são as linhas de junção entre os ossos do crânio, comprometendo o crescimento e a expansão adequada do cérebro na medida em que a criança se desenvolve. Além do achatamento assimétrico da cabeça, outros sinais dessa cranioestenose podem estar presentes, como assimetria facial e desalinhamento dos olhos e orelhas.
Os tipos mais comuns de plagiocefalia associados à cranioestenose são a anterior e a posterior. Na plagiocefalia anterior ocorre o fechamento precoce da sutura coronal unilateral e é caracterizada pelo achatamento assimétrico na parte frontal da cabeça, geralmente acompanhado por um abaulamento na testa e assimetria facial. Já na plagiocefalia posterior ocorre o fechamento da sutura lambdóide unilateral, com achatamento assimétrico na parte de trás da cabeça, frequentemente também associado a uma assimetria facial além de um desalinhamento das orelhas.
Plagiocefalia falsa (plagiocefalia posicional)
A plagiocefalia falsa, chamada plagiocefalia posicional, é geralmente resultado de pressão constante e prolongada em uma área específica da cabeça do bebê. O hábito de manter a cabeça em uma única posição, como nos casos de bebês que passam a maior parte do tempo deitados de costas, é uma das principais causas desta deformidade. A condição pode também se desenvolver ainda dentro do útero dependendo da pressão exercida sobre o crânio em função da posição do bebê, sendo mais frequente na gestação de gêmeos.
A plagiocefalia posicional é caracterizada por um achatamento assimétrico na parte traseira ou lateral da cabeça do bebê. É importante ressaltar que, ao contrário da plagiocefalia associada a cranioestenoses, a plagiocefalia posicional não está relacionada a problemas no crescimento dos ossos cranianos.
Como saber o grau de plagiocefalia?
O diagnóstico e identificação da gravidade da plagiocefalia precisam ser realizados pelo médico especialista. É por meio de uma avaliação clínica detalhada e da diferenciação de outros diagnósticos que o profissional poderá entender corretamente a condição e recomendar o tratamento apropriado.
Como ferramenta complementar ao diagnóstico clínico, utiliza-se também o escaneamento tridimensional do crânio, permitindo uma análise objetiva do grau e do tipo de assimetria através de uma medição precisa das irregularidades cranianas. Com essas informações em mãos, o médico pode avaliar o quadro de forma mais detalhada e embasar suas decisões terapêuticas. Além de fornecer informações precisas sobre a assimetria craniana, essa ferramenta permite uma comparação objetiva ao longo do tempo.
A gravidade da plagiocefalia pode variar de acordo com a extensão do achatamento craniano, a presença de assimetrias faciais significativas e o impacto no desenvolvimento neurológico da criança. Mas, sobretudo, a gravidade desta condição dependerá diretamente da natureza da deformidade, ou seja, se a plagiocefalia é do tipo verdadeira ou falsa.
No caso das plagiocefalias verdadeiras, anterior e posterior, o tratamento envolve uma intervenção cirúrgica para remodelar o crânio e corrigir a fusão prematura das suturas cranianas, permitindo o crescimento adequado do cérebro.
No caso da plagiocefalia falsa ou posicional, as deformidades mais leves podem ser contornadas com mudanças na rotina, como reposicionamento frequente da cabeça do bebê no berço e atividades de estimulação motora para promover o desenvolvimento simétrico. Em casos mais graves, podem ser necessários dispositivos como capacetes cranianos ou órteses cranianas para remodelar a cabeça da criança. No vídeo a seguir, você confere mais informações sobre a posição de dormir de acordo com o tempo de vida do bebê.
Como posicionar o bebê com plagiocefalia:
Quais as sequelas da plagiocefalia?
As sequelas da plagiocefalia também dependerão da natureza e da gravidade da deformidade. Ao identificar qualquer achatamento assimétrico da cabeça do bebê, é essencial buscar orientação médica o mais cedo possível, preferencialmente ainda no primeiro ano de vida. O acompanhamento profissional permitirá determinar o tipo de plagiocefalia e as melhores medidas para corrigir a deformidade craniana, possibilitando um crescimento saudável da cabeça do bebê, sem maiores sequelas.
Em casos leves de plagiocefalia posicional, a deformidade pode se resolver naturalmente à medida que o bebê cresce. No entanto, somente um profissional poderá identificar o tipo e a gravidade da plagiocefalia, que, em casos mais complexos, pode ter implicações significativas caso o bebê não receba diagnóstico e tratamento a tempo.
Possíveis consequências da plagiocefalia
Alterações na aparência facial: A plagiocefalia pode resultar em uma assimetria craniana duradoura, com uma forma achatada em uma parte específica da cabeça. Essa assimetria pode se tornar mais aparente à medida que a criança cresce, afetando sua aparência estética. Nas plagiocefalias verdadeiras, pode haver desalinhamento das orelhas, assimetria dos olhos e mudanças na estrutura facial.
Impacto emocional: Além das consequências físicas, a assimetria craniana pode ter um impacto psicossocial significativo, causando desconforto emocional, baixa autoestima e dificuldades sociais, especialmente na infância e durante os estágios de desenvolvimento social.
Problemas de mastigação e dentição: A assimetria craniana causada pela plagiocefalia pode afetar o desenvolvimento da mandíbula e da arcada dentária. Isso pode levar a problemas de alinhamento dos dentes, mordida cruzada ou desalinhamento da mandíbula, afetando a mastigação e a saúde bucal.
Distúrbios visuais: Em alguns casos, a plagiocefalia pode estar associada a distúrbios visuais, como estrabismo (desalinhamento dos olhos) ou ambliopia (olho preguiçoso). A assimetria craniana pode afetar a posição e o alinhamento dos olhos, resultando em problemas de visão.
Distúrbios do Sono e Respiratórios: Em alguns casos, a plagiocefalia grave pode afetar a forma como a criança dorme e respira, resultando em distúrbios como apneia obstrutiva do sono. Isso pode levar a problemas de saúde a longo prazo se não for tratado adequadamente.
Atrasos no desenvolvimento motor: Sobretudo nos casos de plagiocefalia verdadeira, a assimetria craniana pode afetar a distribuição do peso da cabeça e influenciar o controle dos músculos do pescoço e da região superior do tronco. Isso pode resultar em atrasos no alcance de marcos motores, como o controle da cabeça, o rolar, o sentar e o engatinhar.
Alterações na postura e no alinhamento do pescoço: A distribuição do peso da cabeça afetada pela assimetria craniana pode também afetar a postura, com uma inclinação da cabeça em direção ao lado achatado ou uma rotação assimétrica do pescoço. Essas alterações posturais podem levar a desconforto, tensão muscular e problemas na coluna vertebral.
Complicações neurológicas: Em casos graves de plagiocefalias anterior ou posterior, a pressão intracraniana aumentada e a restrição do crescimento cerebral podem levar a dores de cabeça e irritabilidade, além de resultar em complicações neurológicas mais sérias. Isso pode incluir danos cerebrais, atraso no desenvolvimento neurológico, convulsões e problemas cognitivos.
A maioria das crianças diagnosticadas e tratadas precocemente em casos de plagiocefalia posicional, ou em casos mais simples de plagiocefalias anterior e posterior, terá bons resultados estéticos e sem problemas relevantes no desenvolvimento.
Vale ressaltar que as plagiocefalias verdadeiras, assim como outras deformidades do grupo das cranioestenoses, frequentemente vêm associadas a síndromes genéticas diversas e, em casos mais graves, podem ocorrer alterações do desenvolvimento da criança. Porém, em geral, essas alterações são causadas muito mais pela síndrome subjacente do que pela plagiocefalia em si.
O acompanhamento médico é essencial para avaliar o tipo e a gravidade da condição e fornecer orientações sobre o tratamento adequado. Ao reconhecer os sinais de plagiocefalia e buscar intervenção precoce, é possível minimizar as possíveis consequências e promover o desenvolvimento saudável e simétrico da criança.